Editorial

Edição nº1370 – quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Only thing we have to fear is fear itself

Temíamos perseguições e a AFBNDES esteve nos corredores do Banco, logo após a queda do ex-presidente Joaquim Levy, avisando que isso era possível. Podia ser um dos significados da demanda por "abrir a caixa-preta"…

Nos primeiros contatos do presidente Gustavo Montezano com o pessoal da Casa, foi repetidamente assegurado, segundo relatos que tivemos, que tais perseguições não aconteceriam. E realmente não aconteceram, pelo menos até agora.

Outras possibilidades não nos ocorreram na época, mas o desenrolar dos fatos começam a mostrar o que pode estar vindo por aí. A fomentação de um ambiente de intimidação, de medo, parece que começou a ser articulada. A reação ao famoso "vazamento" de informações no BNDES por parte de um empregado foi mais um pretexto, mais uma oportunidade, do que uma medida racional voltada para resolver um problema. O número de pessoas chamadas a depor na sindicância, a demissão sumária que ocorreu no final do processo, nada disso indica um esforço voltado para entender o que aconteceu e propor soluções.

Centenas de empregados tiveram acesso à apresentação. Houve até agora vazamento na imprensa? Não é impressionante?

Está claro desde já que não será possível instaurar um ambiente de medo sem a cumplicidade de alguns executivos do Banco. No primeiro ensaio autoritário da nova diretoria, ficou claro, infelizmente, que ela contará com essa cumplicidade, ou mais que isso, com a coautoria entusiasmada de alguns colegas. Lamentável. Ou melhor, lamentáveis.

Para que serve o ambiente de medo, de intimidação? Uma pergunta como resposta: Como poderá prosperar uma Administração do BNDES quando ela se diz completamente alinhada com uma orientação de Brasília que não esconde seus objetivos destrutivos?

A tendência é que os discursos motivacionais vazios e abertos à Casa se tornarão constrangedores, com apelo cada vez mais restrito, até que acabarão suspensos. Não terão vida longa. Se o poder do consenso se reduzir, a manutenção da relação de poder apresentará tendência para o uso crescente da força.

Como lidamos com isso? Expondo o impulso autoritário, a falta de consistência do programa, a agenda destrutiva mal disfarçada.

Destruir frontalmente o BNDES não tem passagem na opinião pública brasileira. E é nela que devemos nos apoiar. Essa é a agenda de resistência.

Pensar num novo BNDES com orientação realmente desenvolvimentista, para além das imposições da atual agenda "Chicago Oldies" mofada, é agenda positiva que deveria desde já concentrar os esforços dos talentos do Banco.

Os funcionários organizados do BNDES hão de fazer tudo isso.

 

Acontece

AFBNDES entra com ação coletiva para resguardar direito dos associados e convoca AGE para 19 de novembro

Acontece

Ação da CGPAR: novo pagamento

VERSÃO IMPRESSA

(arquivo em PDF)

 

EDIÇÕES ANTERIORES

(a partir de 2002)

AGENDA

Palestra com Randall Wray

Palestra com o economista Randall Wray: "Déficits, Dívida e Retomada do Crescimento: a Moderna Teoria da Moeda como alternativa". Debatedor: Leonardo Burlamaqui (Uerj e Levy Economics Institute). Terça-feira (26), às 17h30, no Colégio Brasileiro de Altos Estudos (Av. Rui Barbosa 762, Flamengo). Promoção: Fórum de Ciência e Cultura e Colégio Brasileiro de Altos Estudos/UFRJ.