|
Editorial |
|
Edição nº1357 –
quinta-feira, 8 de
agosto de
2019 |
|
|
|
Reestruturação permanente |
|
|
|
|
Há uma crise
profunda no BNDES.
Ela é parte de uma
crise brasileira
muito mais séria que
o desastre
conjuntural de
estagnação e
desemprego que
vivemos. É uma crise
grave de falta de
rumo, que, vamos ser
justos, não começou
agora. Apenas
vivemos um momento
em que nem se
pretende mais
esconder que o
piloto sumiu, que o
rei está nu, que
estamos
dramaticamente
perdidos.
Na verdade, as
correntes
político-ideológicas
que nos governam
procuram dar
respostas à falta de
um projeto próprio
para o país
assumindo que o país
não precisa de um
projeto.
No campo externo,
devemos nos guiar
pelos Estados
Unidos, mais ou
menos como o fazem
pequenos países da
América Central. No
campo econômico,
devemos confiar nos
poderes mágicos do
livre mercado. E
isso num momento em
que a liderança
americana está na
boca do lixo e a
reputação da
autorregulação dos
mercados segue
destruída. No resto
do mundo vemos
países avançados e
em rápido
desenvolvimento que
entendem que Estado
e mercado precisam
andar juntos. Nos
tristes trópicos
adotamos um
liberalismo radical
não visto por essas
terras desde a
República Velha.
O que fazer com o
BNDES? Difícil
responder a essa
pergunta sem tomar
como premissas um
projeto soberano e
uma visão realista
dos limites do
mercado. Duas
premissas com as
quais o atual
governo não
trabalha. E qual é o
resultado, na
prática, dessa
crise? Sucessão de
presidentes,
reestruturações que
desorganizam ainda
mais o Banco. Tudo
em nome de supostas
estratégias com
pouca ou nenhuma
fundamentação.
Visões pessoais de
presidentes são
toleradas por
Brasília desde que
sejam compatíveis
com a demanda para
reduzir ou acabar
com o BNDES, com o
objetivo de alocar
os recursos do Banco
para finalidades
consideradas "mais
relevantes".
Prioridade para
médias empresas,
Banco de serviços
etc.
– qualquer coisa
vale! Grande
latitude também é
dada para que os
novos presidentes
alterem a estrutura
do Banco. Afinal, os
grandes impactados
serão apenas os
funcionários da
Casa.
Vejam o que acontece
com a Diretoria do
BNDES. No meio de um
processo de
reconcepção do
Banco, que contou
com consultoria
internacional que
tinha como propósito
estabelecer um
benchmark,
reduziu-se de oito
para seis as
diretorias da
instituição.
Se essa redução
fosse incompatível
com o benchmark
que foi levantado,
seria razoável supor
que não teria
ocorrido. Mas
ocorreu, e a
administração
seguinte o que fez?
Resolveu desfazer
tal mudança, com a
elevação de
diretorias novamente
para oito, sem
nenhum esforço de
fundamentação. Ao
mesmo tempo, a
gestão Levy, não sem
críticas das
Associações de
Funcionários, acabou
com a tradição da
presença de
empregados de
carreira na direção
do Banco.
Agora, a gestão
Montezano, não
satisfeita com o
aumento de
diretores, eleva o
número para inéditos
10, cortando cargos
comissionados para
viabilizar tal
decisão.
Todos os empregados
entendem o momento
do Banco. Entendem
que eventuais
ajustes em função de
novos rumos podem
ser necessários. Mas
é importante também
que a Diretoria
tenha sensibilidade
de não impor custos
sem o devido
fundamento. Custos
pessoais concretos
para muitos
funcionários vêm
ocorrendo em nome de
reestruturações e
estratégias pouco
convincentes.
Azeda-se o clima
organizacional em
nome de proposta que
parece estar em fase
inicial de
elaboração. A
prudência
recomendaria que se
evitasse a criação
de novas diretorias.
Seria mais produtivo
estressar o que se
pode fazer com a
estrutura dada.
Se é legítimo que
novos presidentes
tracem a estratégia
que lhes pareçam
mais adequada e se é
correto que as
estruturas devam se
adequar às
estratégias
traçadas, também
deve ser levado em
conta o histórico
recente da
organização. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
VERSÃO IMPRESSA |
|
|
|
(arquivo em PDF) |
|
|
|
|
|
AGENDA |
|
|
|
Seminário sobre
imprensa, democracia e
história
A
OAB/RJ, com o apoio da
Associação Brasileira de
Imprensa (ABI), está
realizando o seminário
"Imprensa, democracia e
história – da abertura
política ao governo
Bolsonaro". O tema do
próximo dia 12 será
"Desafios do jornalismo
frente às novas mídias",
com Chico Otávio,
repórter do jornal O
Globo e professor de
redação jornalística da
PUC-Rio, e Eduardo
Serra, escritor e
professor da UFRJ.
No
dia 28 de agosto o tema
será "A liberdade de
imprensa está em
risco?", com o
jornalista Jânio de
Freitas, colunista da
Folha de S. Paulo.
4
de setembro será o
último dia do seminário.
O tema "Novas vozes na
imprensa – ação e
reação" será debatido
pela jornalista Flávia
Oliveira, colunista de O
Globo e comentarista de
economia na GloboNews e
CBN Rio, e Carol Oms,
jornalista de economia e
diretora-executiva da
Revista AzMina.
As
palestras são realizadas
às 17h, no Plenário
Evandro Lins e Silva,
localizado na Av.
Marechal Câmara 150, 4º
andar. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|