Com o objetivo de
aprofundar a
discussão sobre as
consequências da
Resolução nº 23 da
CGPAR, que
estabelece
diretrizes e
parâmetros para o
custeio de
benefícios de
assistência e saúde
pelas empresas
estatais federais, a
AFBNDES promoveu, na
última terça-feira
(12), no Auditório
do Banco, seminário
focado nas vantagens
do modelo de
autogestão nos
programas de saúde.
Como convidados, o
diretor-executivo da
FioSaúde (autogestão
da Fiocruz), José
Antonio Diniz de
Oliveira, e o
presidente do PASA
(autogestão da
Vale), Ricardo Gruba.
Criado em 1991 com o
nome de FioPrev, a
FioSaúde teve como
propósito atender a
demanda dos
servidores da
Fiocruz, oferecendo
alternativa de
atendimento médico e
hospitalar de
qualidade. No
princípio, informou
José Antonio Diniz
de Oliveira, a
FioSaúde era
administrada
externamente por uma
empresa
especializada que
cuidava não só do
plano dos servidores
da Fiocruz, mas
também de planos de
várias empresas. Os
usuários pagavam
integralmente pelo
custeio da
assistência médica,
que logo no primeiro
ano de existência já
somava mais de 1.000
servidores inscritos
(hoje tem cerca de
15.000).
Nos anos seguintes,
houve a necessidade
de se controlar de
perto a qualidade do
atendimento
prestado. Com isso,
em novembro de 1993,
a FioSaúde foi
definida como
entidade de
autogestão, ficando
sob a
responsabilidade do
Instituto Oswaldo
Cruz de Seguridade
Social – FioPrev. Em
2011 foi colocado em
prática o projeto de
desvincular a
administração do
plano de saúde do
FioPrev, por meio da
criação da Caixa de
Assistência Oswaldo
Cruz – FioSaúde.
Também criado em
1991 pela Vale,
Aposvale e
sindicatos que
representam os
empregados, o PASA
se propôs a garantir
que os aposentados
da companhia e seus
familiares
continuassem a
desfrutar de
atendimento de
qualidade na área da
saúde. O plano, que
se tornou referência
no segmento de
autogestão, tem hoje
cerca de 45 mil
associados,
dependentes e
agregados, contando
com estrutura de 15
escritórios
distribuídos por
sete estados e uma
rede com mais de 5
mil credenciados em
cinco planos médicos
e dois
odontológicos.
Segundo Ricardo
Gruba, entre as
ações inovadoras
empreendidas nestas
quase três décadas
de atividade,
destaca-se o PASA
Saúde, programa de
prevenção, promoção
de saúde e
acompanhamento de
doentes crônicos.
Características da
autogestão –
Com a experiência da
FioSaúde, José
Antonio Diniz de
Oliveira (ver
apresentação em
PowerPoint)
apontou diversas
características
positivas das
autogestões:
controle social;
possibilidade de
gestão
compartilhada;
melhor relação
custo-cobertura;
ausência de
restrição a doenças
e lesões
pré-existentes;
população estável
versus
conhecimento do
perfil
epidemiológico; foco
na qualidade da
assistência, aliado
a ações de
prevenção; e
finalidade não
lucrativa.
Mas elencou os
desafios do modelo:
impossibilidade de
livre atuação no
mercado (legislação
restritiva);
praticamente nenhum
tratamento especial
– legal ou
tributário;
enfrentamento da
agressividade de
atuação dos demais
segmentos
lucrativos;
prevalência da ideia
de que a assistência
à saúde não faz
parte do "core
business" das
empresas;
preferência das
empresas pela
terceirização do
risco assistencial;
grande número de
pequenas operadoras
(grande maioria, com
pequenas
"populações"); pouca
efetividade dos
esforços de
crescimento; mercado
regulado, com
tendência à
oligopolização; e
exigência excessiva
de garantias
financeiras.
O presidente da
FioSaúde também
tratou das
diretrizes e
parâmetros impostos
pela CGPAR: limite
da contribuição a 8%
da folha de
pagamento;
contribuição
paritária
empresa/empregado;
vedação da criação
de novas autogestões
na modalidade RH;
definição da
quantidade mínima em
20.000
beneficiários;
limitação da
vigência da
assistência ao
período laboral;
vedação da oferta de
plano a novos
funcionários;
proibição, nos
editais de processos
seletivos, de
oferecimento do
benefício da
assistência à saúde.
De acordo com
números apresentados
por João Antonio
Diniz de Oliveira,
49,5% das operadoras
brasileiras na
modalidade de
autogestão (109) têm
menos de 5.000
vidas; e 15,4% (34)
têm menos de 1.000 –
tornando a exigência
de quantidade mínima
de 20.000
beneficiários em
meta questionável.
"Melhor cuidado
com máximo de
carinho" –
Ricardo Gruba,
presidente do PASA (Ver
apresentação em
PowerPoint),
destacou, em sua
fala, princípios que
são caros à
autogestão da Vale:
"oferecer o melhor
cuidado com o máximo
de carinho"; "ser
reconhecida pelos
aposentados e
empregados do Grupo
Vale como garantia
de acesso à saúde
por toda a vida";
"vida em primeiro
lugar; confiança;
carinho;
compreensão; orgulho
de ser PASA;
valorização de quem
faz o PASA".
Ele também destacou
as virtudes da
autogestão: não visa
ao lucro, logo há
uma isenção
tributária, que
aliada a uma boa
gestão gera
economia; maior
cuidado e atenção
com o usuário; maior
agilidade para
regulação e
coberturas;
contratação direta
dos credenciados,
sem intermediários.
Segundo Ricardo Gruba, o Brasil tem
mais de 47 milhões
de vidas vinculadas
à saúde assistencial
privada – dessas,
4.667.271 são
atendidas por
operadoras de
autogestão (9,86% do
total).
Impactos da CGPAR no
PAS –
O presidente Thiago
Mitidieri
representou a
AFBNDES no seminário
e destacou os
impactos da CGPAR 23
no PAS – Plano de
Assistência e Saúde
dos empregados e
aposentados do
Sistema BNDES. Ele
citou questões
relacionadas ao
modelo de custeio
(como o teto de 8%
para despesas do
patrocinador,
paridade
contributiva,
coparticipação e
cobrança de
mensalidade por
faixa etária) e o
mínimo de 20.000
vidas como condição
para a manutenção da
autogestão
(atualmente, o PAS
tem em torno de
10.000). No BNDES,
estão ocorrendo
discussões
relacionadas aos
ajustes do PAS à
Resolução CGPAR, com
foco claro na
manutenção do modelo
de autogestão.
Segundo a direção da
AF, esse é o arranjo
institucional mais
favorável à
comunidade benedense.
E conta, após muito
debate, com o apoio
de todos os
integrantes da Mesa
PAS, inclusive dos
representantes da
diretoria da FAPES e
da AARH.