Você já deve ter
ouvido o boato sobre
a reestruturação em
curso no BNDES.
Soubemos na última
segunda-feira e
conversamos com a
Diretoria e a
Superintendência de
RH na terça-feira
pela manhã. Um
resumo do que nos
informaram é que de
fato uma
reestruturação está
em fase avançada de
elaboração, que ela
consistirá num
aumento no span
mínimo gerencial, ou
seja, número de
subordinados por
gerente, e que esse
span mínimo
variará nas áreas
segundo o critério
de grau de rotina
das tarefas: áreas
que contem com
tarefas mais
rotineiras, que
demandam um foco de
atenção menor dos
gerentes, terão
maior span. O
span
específico para cada
área ainda não foi
decidido, mas foi
descartada
enfaticamente
qualquer coisa na
dimensão que tem
circulado pelos
corredores. Também
fomos informados que
a principal razão da
mudança é deslocar
mais pessoal para as
áreas operacionais.
Além do que nos foi
diretamente
informado nessa
reunião, sabemos que
há um grupo
influente de
executivos que
entende que há de
existir uma reposta
dos funcionários de
forma que o próximo
governo não nos
encontre perdidos,
sem direção nessa
conjuntura negativa.
Façamos a reforma
antes que outros a
façam, é o mote. Sem
esse componente é
difícil entender as
mudanças em marcha –
planejamento
estratégico,
consultorias de RH e
reestruturações –,
que definitivamente
são menos comandadas
de fora, por
Brasília, do que de
dentro.
O que pensamos
disso?
Em primeiro lugar,
acreditamos que há
potencialmente no
Banco uma ampla
maioria que entende
que mudanças
organizacionais são
necessárias e que
precisam ser postas
em marcha, DESDE QUE
sejam conduzidas de
forma participativa.
Afinal, se as
mudanças forem a
simples imposição de
um determinado grupo
de executivos,
porque o resto
deveria se importar
se a reforma vem de
fora ou de dentro?
Que legitimidade
haveria para
considerá-las como
"propostas da
instituição"?
Em segundo lugar, a
proposta da
Diretoria precisa
ser apresentada ao
conjunto dos
funcionários – e
aberta ao debate. O
mesmo deve ocorrer
dentro de cada área.
O debate ajudaria a
reestruturação,
pelas seguintes
razões:
Para começar,
exigiria que ela
esteja baseada num
diagnóstico bem
estabelecido. Entre
as várias questões
que precisam ficar
mais claras, é fato
que existe um
desbalanceamento
entre área
operacional e área
meio? Se isso é
fato, como
exatamente a
reestruturação
resolve o problema
da falta de pessoal
na área operacional?
Inibiria, também, a
adoção de critérios
não legítimos. A
contratação de
consultorias
externas em si não
deveria ser
considerada como
medida suficiente
para garantir a
legitimidade de
mudanças
organizacionais no
Banco. Seu papel é
apresentar
diagnósticos
sólidos, capazes de
fundamentar decisões
cruciais, como o são
medidas que têm alto
impacto sobre a vida
das pessoas. Sem
legitimidade, a
reestruturação
adicionará à pressão
de órgãos de
controle, à
sabotagem da TLP, à
pressão da opinião
pública, a
destruição do clima
organizacional. Em
particular, é vital
que a preservação de
cargos visivelmente
reflita a percepção
de quem são as
lideranças mais
capazes, e não de
quem são os mais
associados ao grupo
executivo mais
influente.
Para os que estão
convencidos do
mérito das mudanças
em curso e estão com
recursos de poder a
seu dispor, a
tentação de
implementar essas
mudanças de qualquer
forma, mesmo que
impositivamente,
deve ser grande.
Lançamos o desafio,
então: se são
reformadores
genuínos e estão
preocupados com o
futuro do Banco,
deveriam entender
que o nosso grande
desafio não está
numa mudança
específica, mas na
forma como mudanças
devem ser realizadas
internamente. Falar
retoricamente da
qualidade dos
funcionários do
BNDES até os
carrascos falam;
respeitar a
qualidade dos
funcionários na
prática é outra
história e é essa a
única que nos
interessa escutar.