Um trabalho que
realizei anos atrás,
era responsável por
abrir e demarcar
trilhas turísticas,
plantava muitas
orquídeas e
bromélias ao longo
desses caminhos,
sempre observando o
ambiente e buscando
o melhor local para
que as plantas
prosperassem,
tornando o caminho
mais aprazível. Foi
nessa época que
percebi uma
variedade enorme de
verdes na natureza,
cada planta tem sua
textura, sua cor
específica, seu
brilho diferenciado,
foi uma explosão de
verdes aos meus
olhos urbanos
acostumados a achar
que era tudo
simplesmente verde.
Conversando com
algumas pessoas na
época, aprendi que
existem ao menos 16
tons de verde,
talvez muito mais,
vai depender dos
olhos do observador.
Pois bem, de certa
forma essa história
se repetiu aqui no
BNDES, quando entrei
em 2006.
Ingenuamente
imaginei que
fôssemos todos
verdes, todos
iguais, mas com o
tempo fui aprendendo
que não é bem assim.
Num belo dia, já em
2010, um colega me
falou: "Aqui no
Banco somos todos
verdes, porém uns
são mais verdes do
que os outros". Essa
frase ficou na minha
cabeça e agora
voltou a martelar de
forma violenta e
persistente. Afinal,
que espécie de verde
sou eu? Um verde
opaco, sem viço, sem
charme, quase sem
fotossíntese, sou o
esquecido verde
Nível Médio. Mas,
afinal, por que
falar disso agora,
nesse momento
delicado? Porque
somos um corpo
funcional cada vez
mais dividido, com
inúmeras nuances,
temos o abandonado
grupamento C (esse
deixou de ser
verde?), temos PUC’s
NM, PUC’s NU, PEC’S
NU c/ cargo, PEC’s
NU sem cargo, PEC’S
NU com cargo
porta-joias, PEC’S
NU sem cargo
porta-joias, PEC’s
NM sem cargo, PEC’s
NM com cargo, PEC’S
NM sem cargo
porta-joias, PEC’S
NM com cargo
porta-joias, temos
incorporados,
semi-incorporados e
os que talvez nunca
venham a incorporar,
uma verdadeira
pantomima. Feita
essa fotografia
policromática,
surgem algumas
reflexões: A quem
isso interessa? É
razoável que uma
empresa séria (seja
ela privada ou
estatal) tenha um
corpo funcional
assim tão dividido?
Isso é bom para a
produtividade?
Motiva as pessoas?
Fortalece a cultura
organizacional? E
aquela palavrinha
mágica – isonomia –
saiu do dicionário?
São muitas as
reflexões.
Nesse momento de
mudanças extremas é
importante que fique
registrado que por
iniciativa do corpo
funcional, em
parceria com a então
ARH – Área de
Recursos Humanos do
Banco, enormes
esforços foram
feitos no sentido de
equacionar essas
diferenças, quase
quatro anos entre
estudos, preparação,
elaboração e o
refinamento do GEP –
Gestão Estratégica
de Pessoas, um plano
de carreira que
almejava
homogeneizar o corpo
funcional,
garantindo a
possibilidade de uma
carreira em Y,
diminuindo a
dependência e o peso
das funções
gratificadas,
valorizando o
profissional mais
técnico e tornando
mais claros os
critérios de
promoção... Mas,
afinal, onde foram
parar os estudos do
GEP? As duas
consultorias
contratadas para
trabalhar o
Planejamento
Estratégico e o
Capital Humano do
BNDES estão levando
isso em
consideração? Elas
estão cientes dos
antigos pleitos dos
funcionários, dos
trabalhos
desenvolvidos pela
ARH entre 2010 e
2013 nesse sentido
ou todo esse esforço
foi descartado?
Os tempos são
outros? Sim, com
certeza, mas essa
Casa existe desde
1952, e a pedra
fundamental do Banco
sempre foi a ótima
qualidade e
seriedade de seu
corpo funcional,
muitos governos
passaram e outros
virão, mas nós
sempre estaremos
aqui zelando pelo
desenvolvimento do
Brasil – o BNDES é
um patrimônio de
todos os brasileiros
e seus funcionários
o maior patrimônio
do Banco. Em 2019
estaremos aqui
trabalhando, em 2023
continuaremos
determinados, em
2027, em 2031,
sempre estaremos
aqui trabalhando por
um país melhor, que
tenha uma
infraestrutura
adequada, que seja
mais desenvolvido
economicamente, com
menos desigualdades
sociais e regionais,
mais
industrializado, com
um agronegócio
forte, incentivando
a inovação, o
registro de marcas,
o depósito de
patentes, ajudando
os pequenos e médios
empreendedores,
modernizando as
relações comerciais,
liberando
financiamentos que
melhorem a qualidade
de vida dos
brasileiros, enfim,
ajudando a fomentar
o país que todos
almejam. Nada disso
chega a ser
novidade, é nosso
trabalho e nós
adoramos o que
fazemos. A novidade
é a forma como temos
sido tratados nos
dois últimos anos;
são muitas perdas,
ataques morais
descabidos (da mídia
e também do próprio
governo federal),
pouca informação e
quase nenhum
envolvimento com o
corpo funcional, o
que se reflete na
deterioração de uma
cultura
organizacional
construída ao longo
de décadas, ou seja,
mudanças estruturais
estão sendo feitas
rapidamente por um
governo que assumiu
interinamente em
junho de 2006.
Difícil de entender,
quase impossível de
se digerir.
Isso se refletiu bem
na "Conversa com o
Presidente" do dia
08/05/2018, quando
para surpresa de
muitos, o novo
Presidente disse:
"...de forma
surpreendente até,
não foi encontrado
nenhum indício de
irregularidade aqui
no BNDES"; Senhor
Presidente, com todo
o respeito: Surpresa
para quem? Para quem
trabalha ou já
trabalhou aqui no
Banco, isso não é
surpresa alguma, é
quase um dogma, as
pessoas que aqui
trabalham são
corretas e
extremamente
envolvidas com o
desenvolvimento do
país. Se houve
políticas econômicas
equivocadas e/ou
dissonantes do
pensamento atual, o
corpo funcional não
pode ser
responsabilizado por
isso. Estávamos a
serviço do governo
da época, assim com
estamos também à sua
disposição e
estaremos na próxima
gestão também,
talvez o que tenha
faltado foi um Plano
Brasil de Longo
Prazo, mas disso
Celso Furtado já
sabia não é mesmo?
Independentemente de
qualquer mudança,
por mais radical que
essa possa vir a
ser, ela deve sempre
respeitar
sobremaneira os
trabalhadores que
sustentam uma
instituição de tal
relevância para o
Brasil como é o
BNDES.
No caso específico
do verde opaco, quer
dizer, do Nível
Médio, é preciso
fazer um breve
exercício para
reavivar a memória
de todos: a) por
ocasião da
equalização das
curvas salariais
PUC’s X PEC’s, no
final de 2007,
esqueceram do Nível
Médio, literalmente.
Foi preciso que um
colega pedisse a
palavra no auditório
e destacasse esse
‘pequeno’ detalhe. O
NM havia sido
esquecido na
equalização, depois
isso foi
parcialmente
corrigido em 2008 e
2009; b) na primeira
apresentação dos
estudos que a ARH
fez sobre o finado
GEP, em 2011,
novamente esqueceram
do Nível Médio, e
dessa vez foi uma
colega que pediu a
palavra e alertou
sobre o
esquecimento. Só
depois entramos nos
planos do GEP; c)
agora, em 2018, está
sendo feita mais uma
reestruturação
organizacional no
Banco, houve a
primeira chamada
para movimentação, o
dito "Cadastro
Especial" e nenhuma
palavra sobre o
Nível Médio, depois
uma segunda chamada
e nenhuma
sinalização sobre o
NM, agora em maio
terminou essa fase e
entramos na
‘Conclusão da
reestruturação e
liberação das
movimentações’.
Apesar da
expectativa, nada,
absolutamente nada
foi feito ou dito em
relação ao NM do
Banco. Alarmante,
incompreensível,
preocupante... são
alguns dos adjetivos
que tenho ouvido de
outros colegas do
Nível Médio. Então
se reestrutura uma
empresa, altera-se
toda a estrutura
organizacional e não
existe nenhuma
definição para os
mais de 400
funcionários de
Nível Médio? Será
que se esqueceram
novamente ou foi
algo muito bem
pensado?