A atuação do BNDES
 

Paulo Faveret
Empregado do BNDES
 

Tenho me mantido distante desse debate, mas chegou a hora de dar um depoimento pessoal sobre o BNDES. Em face de notícias recentes e infindáveis boatos sobre a atuação do banco, gostaria de registrar seis pontos.

 

1) Trabalho no banco há 24 anos. Fui admitido em um duro concurso público, como todos os empregados. Ocupei diferentes funções ao longo do tempo, inclusive durante a gestão de Luciano Coutinho. Cresci profissional e pessoalmente. Aprendi muito. Dediquei dias, muitas noites e fins de semana a pensar e trabalhar para o desenvolvimento do Brasil na parte que me cabia em cada momento. Amo o que faço. Com alguma sorte, ajudei o país a se desenvolver.

 

2) A proposição de projetos à diretoria é feita de forma coletiva, com diversas assinaturas, após passar por fóruns amplos, com contribuição de diversas áreas. Isso torna lento o processo decisório, mas aumenta muito a segurança técnica e ética. Ninguém decide nada sozinho no banco e é virtualmente impossível subornar ou influenciar as dezenas de pessoas que têm voz e voto no processo de seleção, análise e aprovação de projetos de investimento.

 

3) O BNDES é rigoroso em sua análise de crédito, o que produziu a menor taxa de inadimplência do mercado financeiro brasileiro, mesmo na crise gigantesca que vive o país. Em várias operações onde bancos privados perderam muito dinheiro, o BNDES tinha garantias reais que lhe permitiram recuperar os empréstimos. Isso não cai do céu, não é sorte, nem resultado de um suposto monopólio, mas é, sim, resultado do trabalho, da ética e do cuidado de meus colegas.

 

4) Não tenho nenhuma informação, nem evidência, nem suspeita de qualquer tipo de corrupção sistêmica no BNDES. Após anos de escrutínio público por CPIs, investigações do TCU, da Polícia Federal e da Justiça, não há um único empregado do banco condenado, nem prova de que alguém tenha agido com dolo e intenção de causar dano e se beneficiar com isso. Alguns colegas, dentre eles amigos queridos de longa data, têm bens bloqueados pela justiça, preventiva e exageradamente, por operações que obedeceram as regras bancárias e os normativos internos. Sei que serão inocentados e neles confio.

 

5) A sociedade está numa cruzada contra a corrupção. Isto é saudável e necessário. O Brasil sairá da crise melhor do que entrou. Entendo as enormes desconfianças em relação a uma empresa estatal que cresceu tanto nos últimos anos e que, sendo um banco, teve dificuldades com a prestação de contas no nível que muitos desejam. Sei que nem sempre os empregados do banco entenderam a necessidade imperiosa de transparência, posto que formados em uma outra tradição, de trabalho isolado e técnico. Esta inclinação ao insulamento precisa acabar, mas quero reiterar que ela apenas expressa um traço de origem, não sendo evidência de corrupção e falta de ética.

 

6) Por vivência pessoal e observação, sei que a ética é um dos valores mais enraizados no espírito e na prática dos milhares de brasileiros que passaram pelo BNDES em seus 64 anos de bem-sucedida existência. Espero que aos poucos a sociedade consiga enxergar o que eu tenho visto e vivido nesse quase quarto de século: os empregados do BNDES se orgulham de seu trabalho pelo desenvolvimento do Brasil e o realizam de maneira ética, apaixonada e competente.

 
 
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