Tenho me mantido
distante desse
debate, mas
chegou a hora de
dar um
depoimento
pessoal sobre o
BNDES. Em face
de notícias
recentes e
infindáveis
boatos sobre a atuação
do banco,
gostaria de
registrar seis
pontos.
1) Trabalho no
banco há 24
anos. Fui
admitido em um
duro concurso
público, como
todos os
empregados.
Ocupei
diferentes
funções ao longo
do tempo,
inclusive
durante a gestão
de Luciano
Coutinho. Cresci
profissional e
pessoalmente.
Aprendi muito.
Dediquei dias,
muitas noites e
fins de semana a
pensar e
trabalhar para o
desenvolvimento
do Brasil na
parte que me
cabia em cada
momento. Amo o
que faço. Com
alguma sorte,
ajudei o país a
se desenvolver.
2) A proposição
de projetos à
diretoria é
feita de forma
coletiva, com
diversas
assinaturas,
após passar por
fóruns amplos,
com contribuição
de diversas
áreas. Isso
torna lento o
processo
decisório, mas
aumenta muito a
segurança
técnica e ética.
Ninguém decide
nada sozinho no
banco e é
virtualmente
impossível
subornar ou
influenciar as
dezenas de
pessoas que têm
voz e voto no
processo de
seleção, análise
e aprovação de
projetos de
investimento.
3) O BNDES é
rigoroso em sua
análise de
crédito, o que
produziu a menor
taxa de
inadimplência do
mercado
financeiro
brasileiro,
mesmo na crise
gigantesca que
vive o país. Em
várias operações
onde bancos
privados
perderam muito
dinheiro, o
BNDES tinha
garantias reais
que lhe
permitiram
recuperar os
empréstimos.
Isso não cai do
céu, não é
sorte, nem
resultado de um
suposto
monopólio, mas
é, sim,
resultado do
trabalho, da
ética e do
cuidado de meus
colegas.
4) Não tenho
nenhuma
informação, nem
evidência, nem
suspeita de
qualquer tipo de
corrupção
sistêmica no
BNDES. Após anos
de escrutínio
público por
CPIs,
investigações do
TCU, da Polícia
Federal e da
Justiça, não há
um único
empregado do
banco condenado,
nem prova de que
alguém tenha
agido com dolo e
intenção de
causar dano e se
beneficiar com
isso. Alguns
colegas, dentre
eles amigos
queridos de
longa data, têm
bens bloqueados
pela justiça,
preventiva e
exageradamente,
por operações
que obedeceram
as regras
bancárias e os
normativos
internos. Sei
que serão
inocentados e
neles confio.
5) A sociedade
está numa
cruzada contra a
corrupção. Isto
é saudável e
necessário. O
Brasil sairá da
crise melhor do
que entrou.
Entendo as
enormes
desconfianças em
relação a uma
empresa estatal
que cresceu
tanto nos
últimos anos e
que, sendo um
banco, teve
dificuldades com
a prestação de
contas no nível
que muitos
desejam. Sei que
nem sempre os
empregados do
banco entenderam
a necessidade
imperiosa de
transparência,
posto que
formados em uma
outra tradição,
de trabalho
isolado e
técnico. Esta
inclinação ao
insulamento
precisa acabar,
mas quero
reiterar que ela
apenas expressa
um traço de
origem, não
sendo evidência
de corrupção e
falta de ética.
6) Por vivência
pessoal e
observação, sei
que a ética é um
dos valores mais
enraizados no
espírito e na
prática dos
milhares de
brasileiros que
passaram pelo
BNDES em seus 64
anos de
bem-sucedida
existência.
Espero que aos
poucos a
sociedade
consiga enxergar
o que eu tenho
visto e vivido
nesse quase
quarto de
século: os
empregados do
BNDES se
orgulham de seu
trabalho pelo
desenvolvimento
do Brasil e o
realizam de
maneira ética,
apaixonada e
competente.