“Dominância Financeira e Privatização das
Finanças Públicas no Brasil”, livro
organizado por Rudinei Marques e José Celso
Cardoso Jr. e lançado em maio de 2022, lança
luz sobre aspectos do funcionamento do
Estado brasileiro pouco discutidos. Na
edição de novembro do Jornal dos
Economistas, publicado pelo
Corecon-RJ,
alguns autores do livro atualizam e
aprofundam o debate.
Fabiano Dalto, da UFPR, afirma que o governo
não depende de receitas tributárias ou do
financiamento do setor privado para gastar.
“O mito da dependência do governo de fontes
privadas de dinheiro serve para encobrir o
uso do poder financeiro do governo a serviço
da acumulação financeira do setor privado”,
diz ele.
José Celso Cardoso Jr., do Ipea, aponta que
reina no Brasil a infeliz combinação entre
fiscalismo (enrijecimento, dificultação e
esterilização do gasto público e
criminalização da sua gestão e execução
orçamentária) e financismo/rentismo (ampla
liberdade para o gasto público financeiro)
no trato das finanças públicas.
Lucas Trentin Rech, da Ufba, e Leandro
Freitas Couto, do Ipea, demonstram que a
substituição do crédito via BNDES para
investimentos em infraestrutura pelo crédito
privado trouxe benefícios só para os
credores privados, isentos de IR. O
investimento é declinante e a sociedade arca
com tarifas crescentes.
Andre Modenesi, da UFRJ, e Márcio Gimene, da
SOF, propõem um exercício hipotético de um
Banco Central ideal, cujo objetivo
fundamental é promover o pleno emprego.
Emilio Chernavsky defende que, longe de ser
apenas um fetiche de conservadores, a
sustentabilidade da política fiscal e da
dívida pública é necessária para que o
governo mantenha autonomia em relação aos
credores e capacidade para executar as
políticas públicas.
Miguel Bruno, da Uerj, e Denise Gentil, da
UFRJ, destacam como os servidores públicos
estão presos à armadilha do endividamento. O
crédito funciona como compensação para a
redução de salários, mas traz problemas
sociais e só beneficia as corporações
financeiras.
Bruno Moretti, da UnB, clama pela
modernização das instituições fiscais e
orçamentárias. O modelo atual transforma a
austeridade em ferramenta de esvaziamento de
capacidades estatais e confere aos grupos
com acesso aos fundos públicos o poder de
utilizar o orçamento para a reprodução de
seu capital político.
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