Institucional

Edição nº1453 – sexta-feira, 6 de agosto de 2021

A devastação ambiental brasileira é tema do Jornal dos Economistas

Os retrocessos do governo federal na área do meio ambiente impactam não só os ecossistemas, biodiversidade e clima, mas também agravam a desigualdade social e – ao contrário do propalado – produzem efeitos econômicos negativos. Esse é o tema de capa da edição de agosto do Jornal dos Economistas, publicado pelo Corecon-RJ.

Roldan Muradian, da Sociedade Internacional de Economia Ecológica, aponta que o bolsonarismo arrefeceu a fiscalização do Estado, adotou um discurso abertamente antiambientalista e anti-indigenista e estabeleceu vínculos explícitos entre o Estado e quadrilhas rurais. “Vamos demorar para entender todas as consequências sociais, econômicas e ambientais”, destaca.

Carlos Eduardo Frickmann Young, do IE/UFRJ, ressalta que, na base da pressão política para “destravar” o setor produtivo, está o processo de reprimarização da economia brasileira, cada vez mais dependente da agropecuária e mineração. Não há evidências de que o “bolo precisa sujar para crescer, e só depois pode ser limpo”, enfatiza.

Pedro Ninô de Carvalho, da Coppe/UFRJ, destaca que, 50 anos após a germinação do desenvolvimento sustentável e seus desdobramentos, voltamos às mesmas premissas arcaicas, contraditórias e sem embasamento científico. “A perda do capital natural enquanto fluxo de bens e serviços ecossistêmicos se torna um limite inequívoco ao crescimento no médio e longo prazos”, ressalta.

Eduardo Sá Barreto, da UFF, defende que a magnitude da crise climática exige transformações que entram em conflito insanável com a lógica do capital. Segundo ele, o fim da era Salles pode até nos tirar alguns centímetros do fundo do poço, mas não nos tira do poço que é a sociedade do capital.

Maria Gabriela von Bochkor Podcameni e Maria Cecília Lustosa, da UFRJ, lamentam que, se os avanços antes eram graduais e parciais, os retrocessos atuais são rápidos e intensos. “A destruição ambiental é sinônimo de aprofundamento das desigualdades e injustiças sociais”, dizem.

José Ricardo Lopes, mestre em sistemas de gestão ambiental pela UFF, expõe como o Brasil iniciou em 2015 um processo de distanciamento da governamentalidade, conceito de Foucault para a governança sustentável na democracia. “Precisamos nos reafirmar como bons interlocutores do processo econômico, ambiental e social mundial”, ressalta

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