Os retrocessos do governo federal na área do
meio ambiente impactam não só os
ecossistemas, biodiversidade e clima, mas
também agravam a desigualdade social e – ao
contrário do propalado – produzem efeitos
econômicos negativos. Esse é o tema de capa
da edição de agosto do Jornal dos
Economistas, publicado pelo
Corecon-RJ.
Roldan Muradian, da Sociedade Internacional
de Economia Ecológica, aponta que o
bolsonarismo arrefeceu a fiscalização do
Estado, adotou um discurso abertamente
antiambientalista e anti-indigenista e
estabeleceu vínculos explícitos entre o
Estado e quadrilhas rurais. “Vamos demorar
para entender todas as consequências
sociais, econômicas e ambientais”, destaca.
Carlos Eduardo Frickmann Young, do IE/UFRJ,
ressalta que, na base da pressão política
para “destravar” o setor produtivo, está o
processo de reprimarização da economia
brasileira, cada vez mais dependente da
agropecuária e mineração. Não há evidências
de que o “bolo precisa sujar para crescer, e
só depois pode ser limpo”, enfatiza.
Pedro Ninô de Carvalho, da Coppe/UFRJ,
destaca que, 50 anos após a germinação do
desenvolvimento sustentável e seus
desdobramentos, voltamos às mesmas premissas
arcaicas, contraditórias e sem embasamento
científico. “A perda do capital natural
enquanto fluxo de bens e serviços
ecossistêmicos se torna um limite inequívoco
ao crescimento no médio e longo prazos”,
ressalta.
Eduardo Sá Barreto, da UFF, defende que a
magnitude da crise climática exige
transformações que entram em conflito
insanável com a lógica do capital. Segundo
ele, o fim da era Salles pode até nos tirar
alguns centímetros do fundo do poço, mas não
nos tira do poço que é a sociedade do
capital.
Maria Gabriela von Bochkor Podcameni e Maria
Cecília Lustosa, da UFRJ, lamentam que, se
os avanços antes eram graduais e parciais,
os retrocessos atuais são rápidos e
intensos. “A destruição ambiental é sinônimo
de aprofundamento das desigualdades e
injustiças sociais”, dizem.
José Ricardo Lopes, mestre em sistemas de
gestão ambiental pela UFF, expõe como o
Brasil iniciou em 2015 um processo de
distanciamento da governamentalidade,
conceito de Foucault para a governança
sustentável na democracia. “Precisamos nos
reafirmar como bons interlocutores do
processo econômico, ambiental e social
mundial”, ressalta
Para acessar o Jornal dos Economistas,
clique aqui. |