Movimento

Edição nº1409 – sábado, 26 de setembro de 2020

Ministério Público Federal insiste no afastamento de Ricardo Salles do MMA 

Permanência de Salles no comando do Ministério pode levar a Amazônia a um ponto de “não retorno”, diz procuradora

O Ministério Público Federal (MPF) enviou petição à Justiça Federal no Distrito Federal, na última quarta-feira (23), insistindo na necessidade de decisão sobre o pedido de afastamento de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente. Ele responde a ação de improbidade administrativa pelo desmonte deliberado de políticas públicas voltadas à proteção ambiental e, desde julho (veja matéria no VÍNCULO), aguarda-se decisão sobre o pedido para que fosse afastado do cargo. 

No pedido entregue à Justiça, a procuradora Márcia Zollinger afirma que a permanência de Salles no comando do Ministério pode levar a Amazônia a um ponto de “não retorno”. Segundo o MPF, Salles é responsável pelo “desmonte das estruturas de Estado de proteção ao meio ambiente” e a permanência dele no cargo estaria trazendo “consequências trágicas” à proteção ambiental, especialmente em relação ao aumento do desmatamento na Amazônia. 

O pedido acontece em meio ao aumento recorde nos registros de focos de calor no Pantanal e na Amazônia. Entre janeiro e setembro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 16.119 focos de calor no Pantanal, maior número já detectado desde o início das medições, em 1998. Na Amazônia, já são mais de 72 mil focos registrados no mesmo período, um aumento de 12% em relação ao mesmo período de 2019. 

Ministério do Meio Ambiente mente sobre apagão de atendimento à imprensa 

Ministério de Salles diz em pedido por Lei de Acesso à Informação não ter dados que comprovam declínio de respostas a jornalistas em 2019, depois volta atrás  

Segundo o Observatório do Clima, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem um estilo peculiar de manejar a imprensa. Diferentemente de todos os seus antecessores, Salles tem evitado conversar com repórteres especializados na cobertura ambiental e frequentemente, quando confrontado, critica o noticiário, dizendo que este ou aquele episódio “não é bem assim”, “não é como foi noticiado” ou, sua frase favorita, “os fatos não correspondem à versão”. 

No caso da explosão do desmatamento no ano passado, informa o site do Observatório, o ministro convocou uma entrevista coletiva para apresentar resultados de uma análise supostamente feita pelo ministério que provaria que os dados do sistema Deter, do Inpe, continham “imprecisões” e que as manchetes eram, portanto, “sensacionalistas”. Nem a imprensa, nem o Inpe jamais tiveram acesso ao estudo. 

“A centralização das comunicações tem dificultado à imprensa cumprir a regra de ouro do jornalismo: ouvir sempre o outro lado de qualquer história”, diz o Observatório.  Reportagens que envolvem polêmicas ou decisões antiambientais do ministério em geral vêm com a explicação: ‘Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou’. 

Nada diferente do que aconteceu no BNDES no ataque ao Fundo Amazônia.

 

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A 16ª Jornada Nacional de Debates do Dieese traz o tema “Reforma Administrativa e Reforma Tributária – O que você tem a ver com isso”. A discussão será feita on-line, na terça-feira, 29 de setembro, às 18h. Para fazer sua inscrição, clique aqui