Eleição para o Conselho de Administração do BNDES

7 de dezembro de 2020

 
 

Arthur Koblitz

A Representação como Construção Coletiva em Defesa do BNDES

 

     Arthur Koblitz: candidato ao CA do BNDES

A essa altura vocês já devem ter tido acesso ao programa e currículo dos candidatos ao Conselho de Administração do BNDES disponibilizados pela Comissão Eleitoral. Aqui pretendo tratar de alguns temas complementares.

1. Por que ser candidato ao CA? – O diálogo com os representados

A representação no Conselho de Administração (CA) do BNDES não se confunde com a Associação dos Funcionários, mas também pode e precisa ser uma ferramenta dos empregados em defesa do Banco. 

Na atual conjuntura, a principal tarefa do Conselheiro é saber usar estrategicamente as informações a que tem acesso para mobilizar os empregados do Banco e alertar a opinião pública sobre os riscos aos quais o BNDES está submetido. Claro, respeitados os limites de confidencialidade eventualmente impostos à ação do Conselheiro.  

A questão fundamental é que a atividade do Conselheiro não pode ser isolada. É preciso organizar os empregados em torno do Mandato. É preciso que a atuação do Conselheiro seja acompanhada e debatida. Isso requer habilidades específicas: determinação, independência intelectual, capacidade organizativa e liderança.  

Os esforços despendidos pela atual administração do BNDES para evitar que um diretor da AFBNDES fosse candidato ao Conselho mostram o quanto pode fazer diferença quem vamos escolher para representante dos empregados no CA.

2. Como pretendo organizar minha atuação como Conselheiro – A Representação como Construção Coletiva

Para enfrentar as questões identificadas acima, me comprometo a organizar dois fóruns para acompanhar e auxiliar a atuação do Conselheiro. O primeiro é o Conselho do Conselheiro. Um órgão consultivo composto de colegas com diferentes expertises e/ou que representem diferentes segmentos do Banco.  

Assumimos o compromisso de que o Mandato será acompanhado de perto e discutido. Ao mesmo tempo, a expertise diversa desses colegas auxiliará a minha atuação no CA.  

As reuniões do Conselho do Conselheiro ocorrerão, ordinariamente, em periodicidade mensal.  

O segundo fórum será a Plenária que ocorrerá ordinariamente de três em três meses, sendo aberta ao conjunto dos empregados.  

Queremos uma experiência Coletiva, de verdadeira Representação dos empregados do BNDES no Conselheiro de Administração.  

A crise resultante da pandemia de Covid-19 nos fez lembrar que um Banco de Desenvolvimento forte pode fazer muita falta para amortecer os efeitos de choques externos, amplificados pelos canais privados do crédito, em contextos de alta instabilidade. Não queremos fugir do debate e buscaremos construir respostas afirmativas à crise, com foco na inovação e renovação das formas de nossa atuação, em suporte à formação de capital e ao desenvolvimento nacional. O rabo não deve abanar o cachorro. A discussão sobre o tamanho do Banco deve ser subordinada à discussão qualificada sobre seu papel e escopo de atuação, assim como aos critérios de racionalidade alocativa que devem balizar sua atuação.  

Os empregados do Banco têm que pressionar a atual administração para que o BNDES tenha uma atuação decisiva na atual crise econômica e sanitária. Não podemos ser omissos diante da atuação medíocre que caracterizou o comportamento do Banco até o presente momento.

3. A experiência à frente da AFBNDES – A Defesa do BNDES

Os quase quatro anos em que estou dedicado à direção da AFBNDES foram intensos. Em colaboração com outros colegas da Diretoria e do Conselho Deliberativo da Associação, não tenho medo de afirmar que transformamos completamente a entidade para que ela pudesse ser o que é hoje: a principal instituição de defesa do BNDES.  

Com o apoio decisivo dos empregados do Banco, fizemos diferença várias vezes. A campanha em defesa da TJLP (ou contra sua destruição sem que nada mais racional fosse colocado em seu lugar) ajudou a transformar as discussões sobre o tema num debate nacional, com presença na mídia, três audiências públicas com assento para a AFBNDES etc. A Associação se projetou como uma instituição séria, técnica, e que precisa ser ouvida quando o tema é o BNDES. Desde então nossa participação no debate público e nossa atuação no Congresso só cresceu em importância.  

Fizemos a diferença na atuação e nos processos judiciais contra a devolução dos aportes do Tesouro Nacional, na defesa dos colegas injustamente perseguidos por conta da operação Bullish, no enfrentamento do mito da “caixa-preta”, na atuação contra os remendos na proposta da PEC da Previdência que miravam atingir o Banco, com a histórica mobilização de empregados e ex-presidentes da Casa no Teatro Arino Ramos Ferreira, na defesa do Fundo Amazônia e nas denúncias recentes sobre impropriedades na condução da BNDESPar. Essas foram algumas batalhas enfrentadas pelo corpo funcional benedense com a reconhecida liderança da AFBNDES.

Minha atuação na AFBNDES foi caracterizada também como a de um promotor do diálogo e do entendimento na Casa. Como diretor da AFBNDES, estive, inclusive, à frente da costura do acordo da Mesa FAPES e da promoção de entendimento e apoio à FAPES no conflito com a Rede D'Or. O reconhecimento do sucesso dessas intervenções parece muito amplo entre os que estiveram envolvidos em tais situações.

4. E como fica a AFBNDES?

A AFBNDES vai muito bem, obrigado. As pessoas que deveriam estar preocupadas com minha eventual eleição para o Conselho de Administração do Banco – para minha alegria apoiam minha candidatura. Tenho amplo apoio entre os diretores atuais da AFBNDES e estamos todos cheios de planos sobre o futuro da Associação. 

Minha principal função na AFBNDES é já há algum tempo a defesa institucional do BNDES. Estar no CA teria o efeito de potencializar meu conhecimento e mesmo o preparo para exercer melhor essa função, respeitados os limites de confidencialidade eventualmente impostos à ação do Conselheiro. Ou seja, respeitados tais limites, ainda assim é grande a sinergia entre as duas funções.

5. Conflito por eu ser presidente da AFBNDES

Para quem não sabe, o representante dos empregados no CA não pode votar em matérias trabalhistas e previdenciárias. Certa ou errada tal regra, ela foi criada para mitigar o potencial conflito de interesses relativo ao representante dos empregados em sua atuação no Conselho.  

Por que essa previsão não mitigaria também o conflito acerca de um eventual representante que fosse também presidente da AFBNDES? Será que um Conselheiro Eleito tem menos compromisso com os empregados que o elegeram?  

Não há nada de excepcional no desempenho das duas funções. Na Caixa Econômica Federal a atual representante dos empregados no CA, Rita Serrano, é liberada por Acordo Coletivo de Trabalho e é diretora da FENAE (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal).

 
PAULO C. A. BARCELLOS

Renovação Qualificada e Mandato Compartilhado de Representação no Conselho de Administração

WILLIAM SAAB

O contexto atual demanda um Conselheiro experiente, de escuta e diálogo e com visão de futuro