"Tenho 11 anos de
BNDES, entrei em
janeiro de 2006,
tendo passado por
duas áreas
diferentes (Gabinete
da Presidência e
Área de Inclusão
Social), até ser
convidada a
trabalhar, em 2010,
na antiga Área de
Meio Ambiente, hoje
Área de Gestão
Pública e
Socioambiental (AGS).
Em 2011, assumi a
gerência jurídica
que funciona
atualmente dentro do
Departamento
Jurídico junto à AGS,
na Área Jurídica
onde me encontro,
desde a
reestruturação
administrativa
recente sofrida pelo
Banco.
Como empregada ao
longo desse período,
considero o BNDES um
universo bastante
peculiar pela
especificidade de
suas operações, pelo
volume de recursos
quase sempre
envolvido e pela
relevância da sua
atuação no cenário
econômico
brasileiro.
Se, por um lado, a
quantidade de
processos,
instâncias
decisórias
coletivas, equipes
variadas tornam,
muitas das vezes, os
procedimentos
internos,
especialmente na
visão do cliente,
lento e burocrático,
há, por outro lado,
algum nível de
segurança em afirmar
que, ainda que uma
decisão tomada seja
questionável sob
determinado ponto de
vista, certamente
ela passou por
diversas instâncias
hierárquicas e
colegiados internos
ao BNDES que a
validaram em algum
nível.
Nesse sentido, na
minha visão, e nesse
momento
politicamente
sensível em que o
País se encontra
hoje mergulhado,
mais do que defender
o BNDES dos ataques
midiáticos
recentemente
sofridos,
potencializados por
uma espécie de
"terrorismo"
praticado por alguns
segmentos advindos
dos órgãos de
controle, trata-se
de revelar, de forma
clara à sociedade
brasileira, o
funcionamento e as
pessoas que operam
internamente o
Banco. Ou seja,
responder a duas
perguntas básicas:
quem é o BNDES e de
que forma ele
funciona.
As conjunturas
atuais, jurídica e
política, não têm
mais espaço para o
não diálogo com a
sociedade. Os
clichês "quem não
deve não teme",
"vamos abrir a caixa
preta do BNDES",
entre outros, vêm
muito a calhar nesse
momento e é preciso
explicitar
claramente para o
público em geral
quem é o BNDES, uma
instituição, na
minha visão, da qual
todo brasileiro
deveria se orgulhar:
não porque não
comete erros, ou
porque possui
"quadro técnico de
excelência", mas
simplesmente porque
funciona sob uma
cultura de
seriedade, probidade
e comprometimento
com o
desenvolvimento do
País.
Obviamente que há
caminhos e
pensamentos
diferentes sobre
como se alcançar
esse desenvolvimento
e essa discussão é,
não apenas salutar,
mas, sobretudo,
necessária a um
banco de
desenvolvimento.
Devemos estar
prontos para fazê-la
principalmente em
momentos de crise
como o atual.
Criminalizar
condutas de pessoas
trabalhadoras
simplesmente por
discordância
ideológica de
diretrizes políticas
de um governo
anterior, inclusive
legitimamente
eleito, é, no
entanto, caminhar
numa direção
totalmente contrária
a esse diálogo,
aproximando-se de um
limite bastante
delicado e perigoso
que fere, não apenas
a operacionalização
da instituição, mas
e principalmente, a
democracia e o
estado de direito,
valores tão
duramente
conquistados pelas
gerações anteriores
do nosso país.
Por outro lado, num
Brasil continental
marcado pela
desigualdade
socioeconômica
histórica, ferir de
morte o banco
nacional de
desenvolvimento do
País é contribuir, a
meu ver, para o
aprofundamento do
atual cenário de
crise e, mais do que
isso, para o
agravamento da
situação dramática
de desemprego e fome
que já assola a
população brasileira
mais vulnerável.
Defender a
instituição nesse
momento é, portanto,
defender também o
País e o não
retrocesso de
conquistas sociais
recentes e inéditas
na história
brasileira.
Enfim, o que é
possível afirmar
enquanto benedense e
em poucas palavras,
é que não somos
melhores que ninguém
nem tampouco
insuscetíveis de
falhas. Seguramente,
porém, estamos no
extremo oposto de
uma instituição
corrupta. E falo
isso, não apenas por
convicção pessoal,
mas, sobretudo, pela
experiência
profissional e
pessoal vivida
durante 11 anos de
trabalho nesta Casa"
–
Mariana Guimarães.