MARIANA GUIMARÃES E EDUARDO DEBACO
Quem faz o BNDES
 
 
 
   

A AFBNDES lançou, em 19 de junho, um canal de informações sobre o BNDES. Para a Associação, ninguém melhor que os empregados que vivem o dia a dia da instituição para abrir um debate franco na sociedade em busca de caminhos para superarmos a crise econômica e seguir impulsionando o desenvolvimento do país. No site www.precisamosfalarsobreobndes.com.br/ há uma seção dedicada a depoimentos dos funcionários, como os que seguem abaixo. Quem quiser contribuir com esse trabalho deve enviar mensagem para vinculo@afbndes.org.br. Quem já fez foto e ainda não enviou o depoimento deve encaminhá-lo para o mesmo e-mail. Nova sessão de fotos ainda será marcada. Participe.

 
 
   

MARIANA GUIMARÃES

"Tenho 11 anos de BNDES, entrei em janeiro de 2006, tendo passado por duas áreas diferentes (Gabinete da Presidência e Área de Inclusão Social), até ser convidada a trabalhar, em 2010, na antiga Área de Meio Ambiente, hoje Área de Gestão Pública e Socioambiental (AGS). Em 2011, assumi a gerência jurídica que funciona atualmente dentro do Departamento Jurídico junto à AGS, na Área Jurídica onde me encontro, desde a reestruturação administrativa recente sofrida pelo Banco.

Como empregada ao longo desse período, considero o BNDES um universo bastante peculiar pela especificidade de suas operações, pelo volume de recursos quase sempre envolvido e pela relevância da sua atuação no cenário econômico brasileiro.

Se, por um lado, a quantidade de processos, instâncias decisórias coletivas, equipes variadas tornam, muitas das vezes, os procedimentos internos, especialmente na visão do cliente, lento e burocrático, há, por outro lado, algum nível de segurança em afirmar que, ainda que uma decisão tomada seja questionável sob determinado ponto de vista, certamente ela passou por diversas instâncias hierárquicas e colegiados internos ao BNDES que a validaram em algum nível.

Nesse sentido, na minha visão, e nesse momento politicamente sensível em que o País se encontra hoje mergulhado, mais do que defender o BNDES dos ataques midiáticos recentemente sofridos, potencializados por uma espécie de "terrorismo" praticado por alguns segmentos advindos dos órgãos de controle, trata-se de revelar, de forma clara à sociedade brasileira, o funcionamento e as pessoas que operam internamente o Banco. Ou seja, responder a duas perguntas básicas: quem é o BNDES e de que forma ele funciona.

As conjunturas atuais, jurídica e política, não têm mais espaço para o não diálogo com a sociedade. Os clichês "quem não deve não teme", "vamos abrir a caixa preta do BNDES", entre outros, vêm muito a calhar nesse momento e é preciso explicitar claramente para o público em geral quem é o BNDES, uma instituição, na minha visão, da qual todo brasileiro deveria se orgulhar: não porque não comete erros, ou porque possui "quadro técnico de excelência", mas simplesmente porque funciona sob uma cultura de seriedade, probidade e comprometimento com o desenvolvimento do País.

Obviamente que há caminhos e pensamentos diferentes sobre como se alcançar esse desenvolvimento e essa discussão é, não apenas salutar, mas, sobretudo, necessária a um banco de desenvolvimento. Devemos estar prontos para fazê-la principalmente em momentos de crise como o atual. Criminalizar condutas de pessoas trabalhadoras simplesmente por discordância ideológica de diretrizes políticas de um governo anterior, inclusive legitimamente eleito, é, no entanto, caminhar numa direção totalmente contrária a esse diálogo, aproximando-se de um limite bastante delicado e perigoso que fere, não apenas a operacionalização da instituição, mas e principalmente, a democracia e o estado de direito, valores tão duramente conquistados pelas gerações anteriores do nosso país.

Por outro lado, num Brasil continental marcado pela desigualdade socioeconômica histórica, ferir de morte o banco nacional de desenvolvimento do País é contribuir, a meu ver, para o aprofundamento do atual cenário de crise e, mais do que isso, para o agravamento da situação dramática de desemprego e fome que já assola a população brasileira mais vulnerável. Defender a instituição nesse momento é, portanto, defender também o País e o não retrocesso de conquistas sociais recentes e inéditas na história brasileira.

Enfim, o que é possível afirmar enquanto benedense e em poucas palavras, é que não somos melhores que ninguém nem tampouco insuscetíveis de falhas. Seguramente, porém, estamos no extremo oposto de uma instituição corrupta. E falo isso, não apenas por convicção pessoal, mas, sobretudo, pela experiência profissional e pessoal vivida durante 11 anos de trabalho nesta Casa" – Mariana Guimarães.

 
 
   

EDUARDO DEBACO

"Trabalhar no BNDES é mais do que uma profissão, é uma vocação. Entrei no Banco há 10 anos, mas muito antes já conhecia bem a importância da instituição, através de programas como o PRONAF e da FINAME. Ver os resultados da primeira ordenhadeira de leite para uma família de agricultores ou da troca do resfriador de leite por um equipamento mais moderno é muito gratificante. O orgulho de pessoas que percebem a sua vida melhorar com o esforço do próprio trabalho é um sentimento transformador para o indivíduo e para a sociedade.

Desde a faculdade, sempre acreditei que o desenvolvimento social só pode ser fruto do planejamento e do esforço coordenado da sociedade. Em 2001, comecei a trabalhar no BRDE, uma espécie de BNDES regional, onde pude ver de perto as transformações que o crédito corretamente direcionado poderia produzir. No BNDES, na maior parte do tempo, trabalhei para melhorar o acesso ao crédito para micro, pequenas e médias empresas e produtores rurais, trabalhando na Área de Operações Indiretas.

Aprendi com meus pais que o trabalho é sagrado e por isso é muito difícil ver as injustiças que são cometidas contra o Banco e meus colegas nos últimos tempos. O Banco é muito criterioso, como acho que deve ser o trato com a coisa pública e passa por constantes fiscalizações internas e externas. Erros podem ter ocorrido, mas não crimes. Não se pode condenar uma instituição com 65 anos de história em nome do ‘panis et circenses’ moderno" – Eduardo Debaco trabalha há 10 anos no Banco.

 
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