Editorial

Edição nº1444 – quarta-feira, 2 de junho de 2021

Assédio judicial

Vivemos um tempo impossível no Brasil de hoje.

O descalabro, o horror completo e absoluto da condução do governo federal durante a crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus, o acúmulo de mortes evitáveis em números nunca vistos no país, colocam um desafio para a democracia brasileira. Como reagir a tudo isso? Como elevar a indignação, o protesto num nível que esteja à altura da insensibilidade, da banalização do mal, das manifestações reiteradas e comportamentos absolutamente execráveis do chefe do governo e de seus apoiadores, do uso sistemático da mentira e da manipulação de informações nas redes sociais?

Como se opor ao pior governo da história republicana, ou melhor, da história do país?

Como reagir aos que testemunham na CPI da Covid-19 e, sob juramento, dizem que são favoráveis às medidas de afastamento social, que não recomendaram cloroquina e outros medicamentos sem eficácia científica diante da continuada campanha contra o distanciamento social, do não uso de máscara e da recomendação de uso dos mesmos remédios ineficazes?

Como reagir à afirmação de que não atrasaram a disponibilização de vacinas diante de várias declarações públicas, filmadas e disponíveis, de orientação para dificultar a imunização das pessoas e do depoimento de laboratórios e institutos responsáveis pelas vacinas confirmando o impacto negativo de tais orientações?

Em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, o corajoso sociólogo Celso Rocha de Barros escreveu um artigo à altura da indignação que deve tomar todo brasileiro. E está, previsivelmente, sendo submetido a tentativas de intimidação. Dois senadores mobilizam a Polícia do Senado em retaliação ao artigo e a seu autor!

Em reposta, Celso de Barros disse ainda que “o assédio judicial é uma rotina na era Bolsonaro, assim como em governos que inspiram o bolsonarismo”.  Ele também diz que a bancada bolsonarista no Senado está “empenhada em instituir no Brasil um regime de arbítrio e de intimidação, conspirando permanentemente contra a liberdade de expressão e de imprensa”. 

Como a vida no BNDES está inserida na rotina da “era Bolsonaro” também assistimos aqui a reprodução dos mesmos métodos e táticas –, é mais do que relevante chamar atenção para essa discussão mais ampla. Reproduzimos no último VÍNCULO o artigo do sociólogo que gerou a reação dos senadores e sugerimos a leitura de matéria publicada na sexta-feira (28), pela mesma Folha de S.Paulo: “Liberdade de expressão e imprensa enfrentam cenário de violações sistemáticas, dizem especialistas – Nas últimas semanas, repórteres e colunistas sofrem intimidações de bolsonaristas e autoridades”. 

Se não dermos importância ao que está acontecendo, se abrirmos mão da indignação, se naturalizarmos o que tem ocorrido no Brasil, ‘eles’ já terão vencido. 

No último sábado, o povo brasileiro foi às ruas para demonstrar que não desistirá tão fácil do Brasil, para mostrar que mentira e manipulação têm limite, que a reserva de indignação do povo é enorme. Certamente, esse foi só o início da resposta popular ao desgoverno.  

Viva o povo brasileiro!

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HOMENAGEM

Um ano sem o professor Carlos Lessa

Na próxima sexta, 4 de junho, haverá missa de um ano em memória do professor Carlos Lessa.

A homenagem será realizada pelo Zoom às 19h30 e contará com transmissão ao vivo pelo canal do Instituto da Brasilidade, no
YouTube.

Lessa morreu em 5 de maio de 2020, aos 83 anos, em decorrência da Covid-19. 

Confira a homenagem dos colegas benedenses em edição especial do VÍNCULO On line publicada em 6 de maio de 2020.