Nota da AFBNDES
criticando os planos
do governo de acabar
com a BNDESPAR teve
boa repercussão na
mídia na semana
passada (Agência
Reuters, Folha de
S.Paulo, UOL, Terra,
EXTRA). A
manifestação veio
após o secretário de
Desestatização e
Desinvestimento do
Ministério da
Economia, Salim
Mattar, ter dito, no
dia 29 de janeiro,
que o governo Jair
Bolsonaro quer
fechar a BNDESPAR
após vender todas as
fatias que detém em
companhias. Segundo
Mattar, tais
participações
valeriam 110 bilhões
de reais.
"Quando declara que
‘Não há razão para o
governo ter uma
carteira de ações de
empresas’, o
secretário não
polemiza apenas com
40 anos de atuação
da BNDESPAR, ele
confronta também a
estratégia adotada
pelas principais
instituições de
desenvolvimento
multilaterais, como
o Banco de
Desenvolvimento da
Ásia, o Banco
Interamericano de
Desenvolvimento, o
Banco Mundial, assim
como outras
importantes agências
de desenvolvimento
nacionais".
Em sua nota a
AFBNDES destaca a
missão pública da
BNDESPAR de fomentar
o mercado de renda
variável brasileiro:
"Dada a importância
de sua carteira e
sua ótica de longo
prazo, constitui-se
em instrumento de
fomento do próprio
mercado de capital,
numa economia que
carrega uma
característica
anômala: os
instrumentos de
renda fixa (mais
seguros) apresentam
no longo prazo
rentabilidade
superior aos de
renda variável (mais
arriscados).
Anomalia causada,
sem dúvida, por
décadas de taxas de
juros altíssimas".
"O BNDES é um
instrumento do povo
brasileiro para
promover o
desenvolvimento do
País. Ao destruir
progressivamente o
Banco, estão
enterrando o sonho
nacional de vivermos
numa sociedade
moderna e mais
justa. Não há
justiça social
duradoura sem que o
País avance no
desenvolvimento de
sua estrutura
produtiva, seja pela
modernização da
infraestrutura, seja
pela introdução e
difusão de setores
de alta
produtividade. Essa
é a missão principal
do BNDES e, por
consequência, da
BNDESPAR".
Leia, a seguir, a
íntegra da nota da
AFBNDES. |
A
AFBNDES (Associação dos
Funcionários do BNDES)
vem a público se
posicionar e alertar a
sociedade sobre a
intenção declarada do
secretário especial de
Desestatização e
Desinvestimento do
governo federal,
Salim Mattar, de fechar
a BNDESPar (subsidiária
do BNDES responsável
pela atuação via
instrumentos de renda
variável,
especificamente ações,
debentures conversíveis
e participações em
fundos de investimento).
É importante esclarecer
que historicamente –
tendo como exemplo o
período de 2001 a 2016 –
a BNDESPar se mostrou
lucrativa, sendo
responsável por cerca de
30% da lucratividade do
sistema BNDES, e
apresentou rentabilidade
de 413%, em linha com a
do mercado financeiro
nacional. Note-se também
que os recursos da
BNDESPar se originam
exclusivamente do
retorno de suas
operações.
O
desempenho em termos de
lucratividade e a
rentabilidade da
BNDESPar têm significado
especial – em termos de
profissionalismo e
competência – quando
avaliados
tendo em conta que sua
atuação está orientada
por uma dupla missão de
natureza eminentemente
pública. Em primeiro
lugar, ao viabilizar a
atuação do Banco no
mercado de renda
variável constitui-se
num instrumento
alternativo importante
de apoio a projetos
relevantes para o país.
Instrumento
particularmente adequado
no caso de projetos
desafiadores, que
envolvem mais risco.
Quando declara que "Não
há razão para o governo
ter uma carteira de
ações de empresas", o
secretário não polemiza
apenas com 40 anos de
atuação
da
BNDESPar, ele confronta
também a estratégia
adotada pelas principais
instituições de
desenvolvimento
multilaterais, como o
Banco de Desenvolvimento
da Ásia, o Banco
Interamericano de
Desenvolvimento, o Banco
Mundial, assim como
outras importantes
agências de
desenvolvimento
nacionais.
Um
segundo aspecto da
missão pública da
BNDESPar é o de fomentar
o mercado de renda
variável brasileiro.
Dada a importância de
sua carteira e sua ótica
de longo prazo,
constitui-se em
instrumento de fomento
do próprio mercado de
capital, numa economia
que carrega
uma característica
anômala: os instrumentos
de renda fixa (mais
seguros) apresentam no
longo prazo
rentabilidade superior
aos de renda variável
(mais arriscados).
Anomalia causada,
sem dúvida,
por décadas de taxas de
juros altíssimas.
A existência e o
desenvolvimento do
mercado de capitais de
renda variável são
importantes para o
desenvolvimento
econômico, pela
alternativa de captação
e aplicação que oferecem
para as empresas e
investidores. Note-se,
assim, que o BNDES
contribui para que as
empresas brasileiras
possam no futuro
depender menos do Banco
nas suas captações de
longo prazo.
A
robustez da carteira da
BNDESPar permitiu uma
ação do BNDES de apoio a
empresas em setores de
alta produtividade e
envolvendo ruptura
teconológica, como a
indústria de TI, energia
renovável e o Complexo
Industrial da Saúde.
Além de investimentos em
fases "pré-operacionais"
desses empreendimentos,
nas quais a incerteza
envolvida normalmente
afugenta outros
investidores (p. ex.
fundos de
private equity).
No
incentivo
à
abertura de capital,
seja direta ou
indiretamente (por meio
de fundos de
investimento em parceria
com outros
investidores), o
histórico de apoio da
BNDESPar inclui empresas
como a TOTVS, Bematech,
Linx, Biomm, CPFL
Renováveis, Abril
Educação, Ânima, entre
muitas outras. Temos
ainda a atuação
histórica no setor de
celulose, que permitiu
ao Brasil desenvolver as
empresas líderes
mundiais no mercado de
fibra
curta, gerando milhares
de empregos e lucro para
a União. Só na fusão
entre Fibria e Suzano,
lucrou-se R$ 8,5
bilhões. Além disso, a
BNDESPar é hoje a maior
investidora nacional em
fundos de capital
semente e
ventures capital.
O
BNDES é um instrumento
do povo brasileiro para
promover o
desenvolvimento do País.
Ao destruir
progressivamente o Banco,
estão enterrando o sonho
nacional de vivermos
numa sociedade moderna e
mais justa. Não há
justiça social duradoura
sem que o País avance no
desenvolvimento de sua
estrutura produtiva,
seja pela modernização
da infraestrutura, seja
pela introdução e
difusão de setores de
alta produtividade. Essa
é a missão principal do
BNDES
e, por consequência, da
BNDESPar. |