ESPECIAL

 terça-feira, 17 de março de 2020

 
 

OPINIÃO
Sequer meias medidas

Paulo Moreira Franco (*)

 

    Vizzini: He didn't fall?! Anticyclical!

    Inigo: You keep using that word. I do not think it means what you think it means.

(A princesa prometida)

Passava pouco das nove, como costumam ser os eventos na nova disciplina que rege o Banco, e no palco já estavam os personagens. O mais informal da dupla de gaúchos, grão-mestre da meiaçonaria benedense, faz uma piadinha com Gustavo, que naquele momento não calçava uma dessas meias que é moda entre aqueles que não são hipsters o bastante para deixar uma barba. Não sabia ele que aquilo tinha um sentido maior.

Os números de 2019 são apresentados. Ano em que o investimento foi pífio e, portanto, os números do Banco mais ainda. A venda das ações é a grande glória, com seu lucro, grande lucro. Há comentários que beiram o festivo sobre a venda das ações da Petrobras pouco antes da hecatombe que abateu o Mercado. Nossa volatilidade reduziu, e do palco ouvimos que isso é bom.

Ao sair, uma amiga me sinaliza como positivo que Gustavo falou anticíclico mais de uma vez. Eu não compartilho dessa visão: nada ali fora dito de concreto. Horas depois, na coletiva de imprensa, os jornalistas chegariam à mesma conclusão que eu. No dia seguinte, Guedes anunciou a mesma coisa, qual seja, nada, para perplexidade do filho de Cesar Maia, este que é um cara algo esquisito, atualmente vereador, mas certamente um dos detentores de mandato popular que melhor ocuparia a vaga de Guedes neste momento. Por que falo isso? Porque depois do anúncio das medidas nesta segunda-feira, o prazo de Guedes definitivamente expirou. Nada, com viés de baixa. Hoje tanto ele quanto Montezano têm Joaquim Levy como régua para dizerem que não foram tão ruins assim. Gustavo já fez o bastante para superar esse piso; Guedes apresentou a britadeira com a qual cavará uma catástrofe maior que a de 2015.

Dentre aqueles com os quais convivi, os dois presidentes do Banco que melhor enfrentaram grandes crises foram Luciano e Mendonça. O que eles tinham em comum? Além de desenvolvimentistas, ambos participaram de fracassos do governo Sarney. Luciano da política de reserva de mercado de informática, Mendonça no BACEN quando o Plano Cruzado sucumbiu. Esses fracassos certamente lhes deram a sagacidade de saber que erros não se repetem, e que o evento supera qualquer princípio que oriente seu projeto adventista. Ambos souberam, no momento de crise, agir em coordenação com a Fazenda ou com o BACEN de forma a impedir que a economia brasileira fosse chacinada durante uma crise. Mendonça, no ataque especulativo que aconteceu na crise da Ásia, entrou comprando ações e evitando uma debacle na Bovespa, em sintonia com a ação de Gustavo Franco nos mercados futuros. Luciano, em coordenação com Mantega, fez do Banco o canal de estímulo econômico, dado que o BACEN de Meirelles estava mais preocupado em executar sua inação anti-inflacionária.

Cercado de pessoas de perfil adequado, a imagem e semelhança do governo ao qual pertence, Gustavo anuncia nada. A preocupação maior parece ser com a gradual destruição da carteira de ações sob o pretexto de indicadores que em nada traduzem o funcionamento do Banco, e na rádio corredor ouvem-se fábulas de um pacote de maldades, como o retorno aditivado do malfadado span e a destruição maciça de funções abaixo de chefe de departamento, economia de tostões com forte impacto negativo no clima do Banco. Será que não ficaram esquecidos uns livros da biblioteca de Carlos Da Costa para esses financistas darem uma olhada?

O que poderíamos, BNDES, estar fazendo? Há uma série de medidas que foram propostas pelos sups, segundo ouvi na rádio corredor (aliás, o fim do Baixo BNDES no S1 foi uma bela medida para desarticular as comunicações informais do Banco. Parabéns ao terraplanista desconhecido da primeira metade do século XX que acabou com o melhor watercooler que este Banco já teve). Boas medidas, coisas que fazem o maior sentido.

O que eu acrescentaria? Pra começar, pedir a Brasília que fixasse a TJLP em 0% durante pelo menos um ano. Isso reduz a TLP e, principalmente, alivia a pressão sobre as empresas. Como medida adicional às propostas pelos sups, acho que cairia muito bem.

O segundo ponto, o qual acho que parte do timing já foi perdido, seria retornar ao mercado de ações, fazendo uma intervenção de vulto visando recuperar um pouco do que foi perdido. Vários bancos centrais operam nos mercados de bonds corporativos, e alguns chegam a operar no mercado de ações. Guedes e Gustavo parecem não perceber que quem se ferrou com essa baixa são exatamente as pessoas que votaram para que eles estivessem em seus cargos, as pessoas físicas que convergiram ao mercado de ações com a baixa da SELIC. Trump, um empresário bem mais qualificado do que o profissional da política que terceirizou a economia com porteira fechada ao posto Ipiranga, sabe muito bem disso.

Nenhuma, por si só, resolve Guedes.

(*) Economista do BNDES.

 
 
 

ACONTECE

Eleição para o CA do BNDES: mudança

Funcionamento da Sede Administrativa da AFBNDES nesta semana

Devido à pandemia do novo coronavírus, o Atendimento da AFBNDES estará disponível, nesta semana, pelo e-mail atendimento@afbndes.org.br e também pelo Whatsapp (21) 99214-4870.

 

Funcionamento das Unidades da AF durante as próximas semanas

Em função da pandemia do novo coronavírus, o Clube da Barra estará fechado aos associados até o dia 29 de março. A unidade funcionará de forma precária com atividades de manutenção e conservação, em regime de escala.  A Pousada Clube Itaipava está em férias coletivas até 31 de março.

 

Plano de Contingência - Coronavírus
 
Com o objetivo de facilitar o contato com os beneficiários, a FAPES centralizou os canais telefônicos no número de telefone da Central de Atendimento, que passará a funcionar 24h por dia, 7 dias na semana: (21) 3820-5454.
 
 Digite a opção 3 (Plano de saúde) e, em seguida, a opção 1 (Beneficiário). A ligação será direcionada imediatamente para um enfermeiro da família (
https://www.fapes.com.br/saude)
 
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